quarta-feira, 2 de maio de 2012

Resenha Sexta MOB

Quem andou na ultima sexta (27) pelas proximidades do Centro Lítero Recreativo de Custódia pôde conferir uma movimentação diferente da comum, e não só isso, pôde ouvir nuances de um som seco e pesado que vinha do mesmo: era a passagem de som do Sexta MOB, o segundo evento de rock realizado na cidade que beira o Moxotó.


Contando com um número, aparentemente, menor que o Manifesto Rock – primeiro evento realizado pela mesma produtora em novembro de 2011 – o Sexta MOB teve uma conexão indescritível com o público. Jovens completamente instigados pelo som e por os questionamentos suplantados pelas letras, desde quando elas gritavam os devaneios do fim de um relacionamento até quando exaltavam aqueles que ousam lutar pela vida.

A grade do evento foi composta por três bandas: No Clear (Afogados da Ingazeira), Doppamina (Serra Talhada) e Hazamat (João Pessoa, Paraíba), respectivamente. A duas primeiras são umas das seis que estiveram no evento em novembro, quanto a outra, a Hazamat, eles acabaram de iniciar uma tour intitulada “Tour Sob o Sol” – nome de uma de suas músicas e que sintetiza o bonito ato de pegar a estrada e ofertar seu trabalho – que iniciou-se em Custódia, seguindo para Floresta, Triunfo, dentre outras.

Com certo atraso o Sexta MOB abria suas portas para os jovens da cidade, eis que chegara mais um dia para tirar o uniforme preto do guarda-roupa, camisas xadrezes, abusar um pouco mais no delineador, calçar o all star, enfim, vestir o que por muitas vezes não é possível em uma cidade onde a cena underground ainda está em fase de formação - contando também com a participação de jovens de Serra Talhada e Princesa Isabel (na Paraíba). Mas o fato é, a noite, que prometia ser libertadora, estava só começando.


A primeira atração foi a No Clear. O quarteto iniciou e realizaria sua apresentação como um trio, já que um de seus integrantes não pôde comparecer ao evento por problemas de saúde. Ainda assim não se deixaram abater e mostraram mais uma vez o trabalho digno que vêm investindo há quase cinco anos. Dentre as músicas autorais já conhecidas rolaram algumas do novo CD “Quatro Lados”, que está previsto para ser lançado em maio, bem como arriscaram covers de bandas renomadas do rock atual como “Mesmo Que Você Não Entenda” da banda de rock gaúcho doyoulike, “Revanche” da Fresno, “Vai Pagar Caro Por Me Conhecer” da banda Glória e um cover de uma das mais belas bandas alternativas do Brasil, senão a mais bela: estou falando de Los Hermanos e a música se chama “Quem Sabe”.


Ainda que esquentando o ambiente a No Clear foi responsável por as primeiras formações de bate cabeça no evento. Seguida da segunda banda, a serra-talhadense, Doppamina que fez levantar os que ainda não haviam se permitido. Dentre o seu repertório encontrava-se do baiano Raul Seixas até Nação Zumbi, de Titãs, Plebe Rude, Raimundos com a clássica “Mulher de Fases” até Alceu Valença, dentre músicas autorais. Fora durante o show da Doppamina que começaram os primeiros moshs, e é claro continuaram os bate cabeças. A galera estava tão frenética que rolou de pedir bis, após bis. E mesmo ultrapassando o tempo ofertado a banda ainda arriscou “Come As You Are” do Nirvana – feito por um garoto da plateia. Foi este um dos momentos mais bonitos.


Convocada a encerrar, e iniciar, sobe ao palco a mais aguardado na noite. Antiga Molestrike, a banda paraibana Hazamat, excitada pelo contato com o público no seu stand de vendas e o início de sua turnê, começou o show com um gostoso “Boa noite Custódia!”. Daí já viu não é? A galera que já tinha pulado muito ao som da No Clear e Doppamina usou deste cumprimento para recarregar a bateria e iniciou ao som de “Ultima noite” – música autoral da Hazamat – mais um bate cabeças. O show foi formidável. Resultado talvez da fusão das histórias contidas nas letras da banda com o instrumental bem construído, dentre solos e outros. Com direito a um cover de "Kill Rock'n Rol" do System of a Down e Último Pau de Arara” do mestre Luiz Gonzaga.


E assim encerrou-se o Sexta MOB. Deixando todos com um incrível cansaço físico, todavia irrelevante diante da euforia contida na alma. Agora só nos resta aguardar por mais uma noite de rock em Custódia! E a INSANOS produções segue na certeza de que é preciso oferecer alternativas aos jovens da geração acomodada – ou condicionada. Encerro esta resenha com o apelo de que todos possamos nos permitir olhar com outros olhos iniciativas como esta, que as autoridades possam oferecer seu apoio e que aqueles que julgam um dia possam experimentar desta noite sem máscaras.

 “E se faz guerreiro sob o sol mais um brasileiro sob o céu. Que transforma a luta num troféu e busca nos sertões um mar de paz.”
 HAZAMAT

Augusto Moraes

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